A luta para estar “presente” na vida cotidiana constitui o mais importante aspecto do ensinamento de Gurdjieff.

O ensinamento de Gurdjieff permite ao ser humano desenvolver suas capacidades latentes – físicas, mentais e emocionais – de forma integrada. Esse processo, com o tempo, leva a uma compreensão mais profunda de si mesmo, uma interação mais viva com a vida e a possibilidade de se conectar com as influências espirituais.

Um dos mais poderosos anseios de Gurdjieff era transmitir às pessoas a coragem de uma vida criativa. Nada deve ser dado como certo. Tudo deve ser verificado pessoalmente. Essencialmente os homens deveriam “trabalhar sobre si” e transformar as próprias substâncias de que são feitos.

Pode-se falar em busca da presença, do autoconhecimento, do estado de despertar, do ser e da consciência – mas, segundo Gurdjieff, é somente por meio de experiências reais que essas palavras ganham sentido.

O lado prático desse Trabalho começa com a observação de si que consiste em nos tornarmos mais conscientes de nós mesmos.

Gurdjieff trouxe ao Ocidente o quarto caminho, uma forma que cultiva o trabalho simultâneo de todos os lados de si mesmo, uma forma que não exige afastamento da vida, mas nos mostra como uma nova relação consigo mesmo, com a própria vida, fornece o material para o trabalho interior.

O quarto caminho

O quarto caminho difere dos outros, uma vez que exige do homem a compreensão. O homem não deve fazer nada sem compreender, salvo a título de experimento, sob o controle e supervisão de seu mestre. Os resultados obtidos no trabalho são proporcionais à consciência que se tem deste trabalho. Não se requer fé neste caminho, pelo contrário, a fé, de qualquer natureza que seja, é aqui um obstáculo.

O homem que segue o quarto caminho conhece com precisão que substâncias necessita para alcançar seus fins e sabe que estas substâncias podem ser elaboradas no corpo por um mês de sofrimento físico, uma semana de tensão emocional, ou um dia de exercícios mentais; e também, que estas substâncias podem ser introduzidas desde fora no organismo, se se sabe como fazê-lo.

Uma das condições para a ascensão à escada do quarto caminho, é que um homem não pode alcançar o seguinte degrau, antes de colocar a outro em seu próprio degrau.

Este, por sua vez, tem que colocar a um terceiro em seu lugar, se ele mesmo quiser subir um degrau. Então, quanto mais ascende um homem, mais ele se encontra sob a dependência dos que o seguem. Se eles se detém, ele também se detém.

O quarto caminho difere dos antigos e dos novos porque nunca é permanente. Não tem forma determinada e não há instituições sujeitas a ele. Aparece e desaparece, segundo as leis que lhes são próprias. O quarto caminho nunca existe sem certo “trabalho” com um sentido bem definido; implica sempre uma certa empreitada, que por si mesma fundamenta e justifica sua existência. Quando este trabalho termina, ou seja, quando alcança a meta a que se propunha, o quarto caminho desaparece; entendamo-nos, desaparece de tal ou qual lugar, se despoja de tal ou qual forma, mas para reaparecer talvez em outro lugar e em outra forma. A razão de ser das escolas do quarto caminho é o trabalho que executam e a empreitada que querem levar a cabo. Jamais existem por si mesmas como escolas, com uma meta de educação ou de instrução.

Referência bibliográfica
P. D. Ouspensky – Fragmentos de Um Ensinamento Desconhecido: Em Busca do Milagroso – Páginas 67 e 69

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