Eu procuro a verdade, pois eu não a conheço. Então, como posso dizer que quero alcançá-la? Na verdade, não tenho o direito de pronunciar nada sobre a verdade, nem mesmo que ela é desejável. Mas eu sofro, tenho medo e duvido, quero saber por que, quero me libertar, quero saber… Não se pode querer dormir. O que quero é sempre, antes de mais nada, permanecer desperto, ou melhor, me despertar constantemente. Me despertando eu constato que eu sofro, que eu mudo, que eu sou vários, que eu não compreendo nada; e quanto mais desperto eu estou, mais eu sou um infeliz, um fraco, um imbecil. Quanto mais desperto, mais quero
me mudar e mais valor darei a essa Verdade da qual não sei nada, que expressa para mim a absurda negação da minha presente perda.
Referência bibliográfica
Extraído de uma página inédita de René Daumal publicada por Henri Hell na revista Fontaine no 52 (1946)